Ilustre Desconhecido: Os heterónimos de Fernando Pessoa



Desde cedo que Fernando Pessoa inventou os seus "companheiros".

Ainda na África do Sul, imagina os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Cria, também, o especialista em palavras cruzadas Alexander Search e outras figuras de menor importância.

Mas seria a partir de 1914 que os seus heterónimos começariam a surgir. Os mais importantes seriam, sem dúvida, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Já Bernardo Soares, um semi-heterónimo segundo o próprio Fernando Pessoa, só em 1982 teve a sua obra publicada ( O Livro do Desassossego ).

Álvaro de Campos e Ricardo Reis, tal como Fernando Pessoa, consideravam-se Discípulos de Alberto Caeiro. Mas cada um seguiu os ensinamentos do Mestre à sua maneira, chegando até a haver uma interessante controvérsia sobre o modo de fazer a Poesia.

Mais do que meros pseudónimos, os outros nomes com que Pessoa assina a sua obra, os heterónimos, são personagens completas, com biografias próprias, estilos literários distintos, e que produzem uma obra paralela à do seu criador.

Os estudiosos continuam a discutir porque terá Pessoa criado os seus heterónimos:

- Seria Esquizofrenia ? Psicografia ? Uma grande piada ? Um jogo fabuloso de marketing ?

Realmente, como todos sabemos, a genealidade de Fernando Pessoa é grande demais para caber num só Poeta.

Tal como o resumiu o seu mais atormentado heterónimo, Álvaro de Campos:

"Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,

Quanto mais personalidades eu tiver,

Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,

Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,

Estiver, sentir, viver, for,

Mais possuirei a existência total do universo,

Mais completo serei pelo espaço inteiro fora."

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