A lenda do tambor

Aconteceu há muito, muito tempo, em África, numa distante e lindíssima aldeia...
Depois de um dia bem quente, chegou a noite, mas... que fria!
Tão fria que os macacos resolveram aquecer-se à volta de uma fogueira.
Lindas as chamas, que tremendo também apontavam o céu.
Céu tão escuro.
Cheio de pontos brilhantes, mas entre eles está um que pela sua forma logo chamou a atenção.
- Olhem, olhem todos. Aquela! Parece a fatia de uma abóbora! Disse um dos macaquinhos.
- Qual fatia de abóbora! Respondeu outro. Se não sabes aquela é a LUA.
- Ah! Mas tão alta, tão alta! Tão linda!
- Verdade é a lua. Temos que a chamar de "Madrinha Lua". É tão poderosa, dá-nos tantas coisas e até faz mexer as marés e o milho dos nossos milheirais. E faz as galinhas porem mais ovos. Alcançá-la, chegar até tão alto era o grande problema.
E deu que pensar.
De repente, um dos macaquinhos lembrou-se que ponde-se em cima uns dos outros, subindo, subindo... talvez a alcançassem.
Se bem pensaram, melhor fizeram. No alto da pirâmide, o último macaquinho quase tocava a LUA. De tão encantado com a beleza dela, quase não conseguia falar.
E muito a medo:
- "Madrinha Lua", tu que estás tão poderosa, faz com que eu chegue a ti.
- Não tenhas medo, estás tão perto que basta esticares bem, bem, o braço e tocarás uma das minhas pontas.
Cheio de coragem e ao primeiro salto, ele pousou naquele mar de brilho que logo o entonteceu.
Tudo tão brilhante, que o nosso macaquinho, com os olhos esbugalhados de espanto, só conseguiu ver e admirar os também brilhantes cabelos da "Madrinha Lua".
- Anda, podes passear, conhecer-me, descobrir tudo à nossa volta.
- Para que contes melhor o que viste, vou ensinar-te a fazer um objecto especial, que será também um presente para os teua amigos que lá em baixo te esperam, e com novidades.
Lá foram colhendo alguns ramos e folhas, todos tão brilhantes que encandeavam.
- Com jeito, com jeito!
Aconcelhava a "Madrinha Lua". Junta as folhas em baixo, agora à volta e os ramos ficam na vertical. Vá lá, mais folhas, por cima dos ramos. E aqui tens, são fios dos meus cabelos para atar tudo muito, muito bem. Agora mais dois ramos, um em cada mão e bate com eles sobre as folhas.
O som era algo nunca dantes ouvido.
De tal maneira especial que o nosso macaquinho pediu à Lua que o deixasse regressar e levar aquele presente aos amigos.
Depois de atado com alguns fios de cabelos da "Madrinha Lua", lá começou a descida, mas sabendo que, conforme combinado com ela, o sinal para ser largado seria o primeiro "toque" nesse objecto de som tão poderoso.
Tomado de ansiedade e alegria, que foram aumentando à medida que ía descobrindo no meio das copas das palmeiras as palhotas dos pais, dos amigos e outros familiares, tão perto se julgou que nervosamente, começou a tocar... e, assim, foi largado pela "Madrinha Lua".
Na queda, dobrou-se de tal maneira o som que, chegado a todas as aldeias em redor, trouxe até ele todos os outros macaquinhos, que logo quiseram fazer e ter um "instrumento" igual e ... saber novas da "Madrinha Lua".
E assim nasceu o tambor.
Celina Pereira in Estória, estória... do tambor a Blimundo

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