Poema da Semana

TEMPO METEOROLÓGICO

De um dia para o outro
o tempo não muda
ou muda a distância
de um chapéu-de-chuva.

Tempo-boletim
que se engana mal.
Tempo dia-imenso
de cabeça ao sol.

De um dia para o outro
o que fui passou
e foi novamente
quem nunca mudou.

Ó tempo nervura
de uma folha breve.
Ó tempo nervura
que ao tempo se entrega.

Entre um dia e outro,
o tempo perpassa
como pena d'ave
sobre o lume d'água,

como renitente
convite à distância,
o tempo presente
na minha vontade.

Ruy Cinatti, in "Tempo na cidade"

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