Poema da Semana

Doidas, doidas, doidas andam as mamãs
Pra deixar os filhos lá no infantário
Perdem, perdem, perdem todos os comboios
Chegam ao emprego fora do horário

Arregaçam mangas pra fazer comida
Todas convencidas que são cozinheiras
Dormem muito menos do que desejavam
E de manhãzinha notam-se as olheiras

Doidas, doidas, doidas andam as mamãs
Para conseguirem ver televisão
Lavam biberões, também cozem maçãs
E a um miminho não dizem que não

Apanham migalhas, arrumam brinquedos
Mesmo que em minutos fique tudo igual
Aplicam castigos, afugentam medos
E o bem-estar dos filhos é o principal

Doidas, doidas, doidas andam as mamãs
Para regressar a uma discoteca
Usar um vestido sem rasgar collants
Mas sem emoção a vida era uma seca

Aprendem cantigas, inventam histórias
Para adormecer melhor as filhotas
Noite após noite ambicionam vitórias
Mas dormir a sério só quando velhotas.

Inês Guerreiro Relvas, in "Doidas, doidas, doidas andam as mamãs"

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